25.9.09

Entrevista a Ricardo Azevedo: "este é um álbum mais maduro e orgânico"

Depois do sucesso de "Prefácio" , o álbum de estreia de Ricardo Azevedo , o ex-EZ Special regressa à edição discográfica com "O Manual do Amor" , produzido por Mário Barreiros e definido pelo próprio como "um álbum mais maduro e com uma sonoridade mais próxima de uma banda".

Poucos dias antes da edição (a 28 de Setembro), a MusicaOnline esteve à conversa com o compositor de Santa Maria da Feira autor de sucessos como "Pequeno T2" ou "Entre o Sol e a Lua" para descobrir os segredos de músicas como "O Beijo" (primeiro single) ou "Luz Fraca", duas músicas que já tocam nas rádios nacionais.

MusicaOnline: "Prefácio", o teu primeiro álbum a solo foi um estrondoso sucesso e fala-se muitas vezes do fantasma do sucessor. O que mudou neste "Manual do Amor"?

Ricardo Azevedo: Procurei que este fosse um disco mais crescido, mais maduro e para isso recorri a um método de gravação diferente para que soasse mais orgânico e mais próximo de um disco de uma banda. O "Prefácio" era um disco polido, muito trabalhado e com pouco recurso a guitarras, ao contrário do que acontece no "Manual do Amor". Apesar de este disco ter um título romântico tem músicas com uma roupagem mais rock. Sinto que cresci enquanto autor ao nível da composição e da lírica e parece-me um álbum mais "fresco".

MO: O Mário Barreiros é um produtor com muita experiência. Como foi trabalhar com ele?

RA: Fiquei muito entusiasmado quando me disseram que ia trabalhar com o grande Mário Barreiros e o mais surpreendente foi que, mesmo com toda a sua experiência, ele deixou-me guiar as músicas para onde queria. No fundo ele sabe que a música tem que "respirar" e tem que ser cantada de uma forma natural, por isso me deixou tão à vontade. Claro que em algumas músicas deu pequenas orientações e foi introduzindo novos instrumentos, mas deu-me sempre muita liberdade.

MO: O primeiro single, "O Beijo", fala de problemas de expressão. Eras tímido em criança e achas que a música funcionou como intercomunicador?

RA: Era demasiado tímido e mesmo em relação à música fui um pouco empurrado. Desde muito pequeno que adorava música, mas não tinha força para combater a timidez pelo que foi a minha mãe que quase me obrigou a dar o primeiro passo. Marcou-me as aulas de viola e a partir daí consegui vencer a timidez e fazer aquilo com que sempre sonhei. Nunca me passou pela cabeça aparecer na televisão ou tocar na rádio, mas acabei por consegui-lo e isso é muito gratificante.

MO: Porque escolheste "O Beijo" como cartão-de-visita?

RA: "O Beijo" é uma música positiva e acho que foi isso que pesou mais na altura de escolher o single. Não significa que seja a melhor música do álbum, mas pareceu-nos a mais indicada para dar o pontapé de saída. Neste momento a "Luz Fraca" também já passa nas rádios e espero que muitas mais por lá passem (risos).

Não gosto muito de explicar as canções porque gosto que as pessoas as abracem e lhes atribuam significado. O importante é que as levem para as suas vidas. O maior elogio que posso receber é saber que uma música minha fez parte da vida de alguém, nem que tenha sido por um curto espaço de tempo.

MO: Todo o álbum tem uma mensagem positiva. Não sentes o triste Fado de ser português?

RA: A tristeza não me absorve. Artisticamente às vezes sinto-me um pouco triste por sermos um país pequeno e não conseguirmos ultrapassar as nossas fronteiras e influenciar outras culturas tanto como poderíamos. É muito difícil para um artista português singrar ao nível internacional, mesmo com toda a qualidade que nós temos, mas o importante é persistir.

Em relação às músicas, tentei passar uma mensagem de esperança numa vida melhor. Claro que há coisas que me preocupam muito, sobretudo agora que fui pai, tais como a posse de armas, as guerras ou a fome, mas procurei esquecer por momentos esse lado negativo e procurar o melhor de mim.

MO: Imagino que mostres as músicas à tua filha. Já tiveste uma reacção menos positiva?

RA: Sim, várias vezes (risos). As crianças são extremamente sinceras e a minha filha não percebe que tenho que fazer canções porque sou um artista. Por ela estava sempre a cantar o "Pequeno T2", mas, curiosamente, já decorou alguns refrãos do novo álbum o que é um sinal muito positivo.

MO: Deste a cara a uma campanha publicitária, mas eras capaz de emprestar uma música a um Partido político?
RA: Não, porque poderia ser mal interpretado e ficar erradamente conotado. É verdade que na publicidade também há esse risco mas é uma oportunidade de mostrar o nosso trabalho sem qualquer conotação ideológica.

O mercado da música em Portugal é cada vez mais denso e torna-se muito difícil conseguir "furar" pelo que temos de aproveitar todas as oportunidades, mas, felizmente já não preciso de me associar a uma corrente ideológica para me fazer notar.

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