18.12.12

Entrevista Ricardo Azevedo @ Ensino Magazine


O novo Álbum

O Frente e Verso de Ricardo Azevedo


O primeiro avanço deste mais recente trabalho, Frente e Verso, já é conhecido há algum tempo. No YouTube está próximo das 220 mil visualizações. O Amor não me Quer Encontrar foi um bom avanço para o álbum?

Sem dúvida. Estou muito contente. A música já está a tocar há quase um ano, na rádio. Houve momentos em que pensei que não estivesse a funcionar. Mas, com alguma insistência, as rádios nacionais e as rádios locais foram tocando. Depois, com a novela a música começou a ganhar uma maior notoriedade. Estou feliz, há cada vez mais pessoas, na Internet, a dizer que gostam da canção. Isso deixa-me orgulhoso e confiante para o resto do disco.

Pode-se dizer que se trata de um disco de continuidade, comparando com os anteriores registos?

Sim, claro. São sempre canções simples, melodiosas. Onde tento arriscar mais é na vestimenta das canções. Trazer ambientes distintos para criar nas canções uma identidade própria. Mas, há continuidade e essa é uma das minhas características.

No processo criativo das músicas há um lado pop, um lado rock e também um lado acústico à mistura…

Sim. Gosto de ser versátil. Não gosto de estar sempre a fazer o mesmo tipo de música, ambiente ou ritmo. Quero variar e isso é notório nas minhas canções. Se fossem só baladas, ou músicas ritmadas, até poderia ganhar alguma coisa com isso. Não sei. Mas é assim que me sinto feliz, é como nos concertos. São dinâmicos, gosto de fazer essas viagens e ter momentos diferentes.

No fundo surgem também histórias do quotidiano?

Não me consigo distanciar daquilo que somos enquanto seres sociais. Também transporto aquilo que vejo à minha volta, na televisão, nas vivências dos amigos e nas minhas próprias vivências. Tento fazer que as pessoas se identifiquem com as canções, que estas sejam um reflexo das suas próprias vidas.

Este é o seu terceiro trabalho a solo, depois dos EzSpecial. Está satisfeito com o sucesso alcançado até esta altura?

Tenho orgulho no sucesso que tive no passado, com os EzSpecial, como tenho orgulho com este trabalho a solo. Mas, são momentos distintos. EzSpecial foi uma descoberta de tudo: o início, a frescura, o cantar em inglês. Foi um sucesso inesperado. A solo, também foi uma boa surpresa. Nada garantia que as coisas iam correr bem. Felizmente, correram. Agora quero é cantar o melhor que posso, fazer as melhores canções e os melhores espectáculos. Tentar chegar, como qualquer artista, com qualidade às pessoas e cativá-las.

No futuro poderá haver nova possibilidade de se juntar a um grupo?

Penso que sim. Gosto muito da independência que tenho, a todos os níveis. De ser eu a tomar as decisões, de fazer o que quero fazer, criativamente, etc. Mas não descarto essa possibilidade. Gostava de fazer um projecto diferente, também para cortar a rotina da minha própria solidão. Isso só o futuro o dirá. Teria que ser um projecto interessante. Nunca se sabe. Não digo que não, logo à partida.

O novo frente e verso apresenta canções cem por cento em português. No futuro pondera voltar a gravar em inglês…

Nunca deixarei o português. Foi uma conquista, uma descoberta, uma aprendizagem. No entanto também tenho algumas saudades da forma como fazia as canções em inglês, da própria sonoridade. Gostava de voltar a esse universo, nem que fosse só por uma canção ou duas. Tenho essa vontade e certamente, se houver saúde, isso vai acontecer.

Alguns dos singles tiveram uma visibilidade extra, quer com as bandas sonoras das novelas, quer com a publicidade televisiva. Foi mais uma âncora para dar a conhecer os temas da sua carreira?

É preciso ter sorte para sobressair em qualquer área. Na música é difícil, porque estão sempre a surgir novos cantores, novos compositores. Através de uma publicidade, ou de uma novela, as pessoas reparam que existe uma canção. E se tivermos sorte, também reparam no artista por detrás da canção. Mas, não podemos ficar presos a uma memória, ou a uma publicidade que existiu. Tem de se trabalhar e aparecer com canções que digam algo às pessoas. É isso que procuro fazer. Não quero ficar dependente de publicidades que poderão aparecer. Quero trabalhar através de meios clássicos: rádio, televisão, imprensa, Internet. Procurar chegar às pessoas, é essa a minha motivação. E tentar fazer as melhores canções.

O Single Pequeno T2 deu vida ao spot publicitário de um conhecido banco português. O tema surgiu no timing certo? Nesta altura não teria a mesma sorte?

É verdade. A música fala em sair de casa e do conforto dos pais e procurar independência. Hoje é impossível. Os bancos não estão interessados em emprestar dinheiro às pessoas. A música, hoje, certamente, não teria esse veículo, teria de furar pelos meios tradicionais. Temos também de olhar para as publicidades como um casamento: tem de ser o momento certo, com a marca, a canção, o artista, o timing certos.

Foram fases pelas quais tenho carinho, mas já passaram. Agora quero é trabalhar e fazer boas canções. O resto é história.

Poucos dias após a colocação do disco no mercado, surgiu logo a possibilidade de download ilegal na Internet. Qual é a sua opinião sobre os downloads ilegais?

As editoras já não tem capacidade de pagar os discos aos artistas e estes têm de assumir inteiramente as suas carreiras e fazer a sua gestão. Também assumi essa gestão, depois de ter estado vinculado à Universal. Actualmente, temos um mercado em crise, (não só na música) mas, a música já está em crise há muito tempo. Temos de investir muito dinheiro e torna-se complicado quando não há retorno. Com a crise, as pessoas não estão a comprar CDs e procuram facilmente a música na Internet. Percebo isso. As pessoas têm dificuldade em comprar as canções. Mas, haveria de existir alguma forma de compensar os prejuízos que existem com os downloads ilegais. Poderiam ser os próprios servidores da Internet a pagar um imposto. Nós também precisamos de pôr pão na mesa.

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